sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Vitor Alcântara – Uma nota em seu Sax valendo mais do que “Mi” em palavras


O saxofonista Vitor Alcântara é um dos nomes mais tradicionais no meio instrumental paulistano atual. Com destaque para suas atuações no grupo Sinequanon, sempre consegue exprimir suas diversas influências nas gigs em que participa, com grande inteligência e originalidade.
A seguir, uma pequena entrevista que realizei com ele este mês. Aproveitem...

-- Fale-me de seus projetos atuais.

Estou no processo de masterização de um Duo (sax tenor e baixo) com o Zeli, que deverá sair no começo do ano que vem (2010). Continuar tocando com a SoundScape Big Band, Banda Jazzco, Sinequanon, SCVD, Zeli Quinteto, e continuar lecionando nas Faculdades Souza Lima/ Berklee e Cantareira.

-- Quais foram suas maiores influências aqui no Brasil e no exterior?

Tocar com diferentes músicos, grupos e situações. sem esquecer da Banda Mantiqueira, Silvio Mazzucca, Pixinga, Zérró Santos, Vera Figueiredo e outros tantos. No exterior, os de sempre J.Coltrane, Dexter Gordon, Michael Brecker, Hank Mobley, Jonny Griffin... atualmente Chris Potter, Greg Osby, Dave Holland, etc.

-- Qual é a função da repetição na música pra você? (Repetição aqui não no sentido ruim da palavra, mas como uma ferramenta para a melodia, para a improvisação)

A repetição é fundamental para registrar as informações que vão ser manipuladas durante o processo de execução da música, tanto na improvisação como em qualquer outra situação.

-- Pretende algum dia “lançar mão” de algum projeto musical de contorno estético, estilístico, diferente do usual?

Sempre que possível, aceito propostas e convites para fazer experimentos.

-- O que você acha da atual produção artística e educacional da música instrumental no Brasil?

Faltam espaços e oportunidades para se gravar mais.

-- Você não acha que falta uma maior produção das chamadas “Video-Aulas” em formato DVD, produto pouco explorado no país?

Com certeza, mas não acho o mais importante para o aprendizado.
-- Como foi sua prática de sax e a escolha do instrumento em seu início?

Comecei estudando piano, e quando tinha 20 anos optei pelo sax.
-- Em uma Nota Musical, defina a Música para você...

SOL

http://www.myspace.com/vitoralcantara

domingo, 6 de dezembro de 2009

Entrevista com Lupa no Clube de Jazz

Segue link da entrevista realizada pelo blog Música Contemporânea com o guitarrista Lupa Santiago, entrevista publicada no site Clube de JAZZ.

http://www.clubedejazz.com.br/noticias/noticia.php?noticia_id=843

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Michel Leme – Sacudindo as estruturas da Música



Michel Leme, um artista que valoriza a arte em sua plenitude. Guitarrista desde os oito anos de idade, põe seu leme a nadar e a cantar, e trabalha a virtude, o prazer e o compartilhar de sua arte à serviço da música.

Trato despojado e refinado à música, que pode ser encontrado em um dos seus trabalhos mais recentes, o “Michel Leme & A Firma”.

Em sua discografia, podemos encontrar grandes parceiros musicais, que costumeiramente estão com ele em seus projetos, como o Thiago do Espírito Santo e Alex Buck.
Inserido nesse vasto universo musical, Michel congratula seus ouvintes sempre com inspiradas improvisações, com o expoente natural de que música boa é música ao vivo.

Com sua autêntica visão e tom filosófico, expõe nessa entrevista, um pouco de seus pensamentos e rumos musicais a que está se enveredando atualmente:

-- Quais são os trabalhos e projetos que mais estão mexendo atualmente com você?

Estou mixando meu disco novo, que gravei nos dias 30 de outubro e 16 de setembro. Gravei com o Bruno Migotto (baixo), Bruno Tessele (bateria) e Waguinho Vasconcelos (bateria). Tem uma faixa em trio e as outras são todas em quarteto, com duas baterias. Aguarde novidades a respeito.

Acabei de gravar um DVD com o Thiago Alves (baixo) e o Serginho Machado (bateria). São 05 músicas, duas delas inéditas – uma delas do Thiago Alves. Também acabei de gravar o disco do baixista Bruno Migotto, chama-se “In Set”; é um septeto, com composições e arranjos do Bruno.

Estou gravando um DVD do Glécio Nascimento, baixista de Santos, com o Nenê na bateria – faltam umas duas ou três músicas pra concluir. Também estou gravando o novo disco do Arismar do Espírito Santo, no qual ele toca bateria. É um disco no formato trio: Arismar, eu e o Thiago Espírito Santo.

Todas as quintas-feiras, às 19h30min, tem o Programa Michel Leme & Convidados na TV Cia da Música também – desde novembro de 2007.
Além disso, estou tocando por aí, onde ainda é possível tocar com dignidade e respeito à música. É só dar uma olhada no meu site pra saber do que está rolando: http://www.michelleme.com/


-- A música instrumental, seja o jazz, a bossa nova, ou outra vertente, impõe uma série de dificuldades aos músicos que almejam chegar a um bom patamar nesses estilos. Você acredita que para adquirir uma boa caligrafia sonora, o músico deve subverter regras?

Quais são as regras? Quem as dita? São alguns músicos cheios de preconceitos e mazelas psicológicas ou é o sistema de ensino que tem, em sua grande maioria, pessoas que não tocam e apenas arrotam “verdades de terceira mão”?
O músico deve tocar. Gosto muito da frase do Igor Stravinsky que está no livro “Poética Músical em 06 Lições”: “O músico tem uma obrigação em relação à música, que é inventá-la”
O resto é conversa...


-- Dos ermos lugares que você já tocou, quais deles mais lhe tocaram?

Não me lembro dos lugares ermos, Caio. Mas o que me marca são os momentos, as situações musicais. Não destaco nenhum em especial, tudo é um aprendizado. Acredito que quanto mais o músico estiver disposto a tocar o que a música manda, mais e mais momentos desses farão parte do seu ser.

-- Das peculiaridades de seu som, as principais em minha maneira de ver, são suas citações de outras músicas e temas que você faz nos seus solos e improvisações. Isso é pensado antes do solo, ou é à maneira do chefe (a inspiração do momento) ?

Como você diz, as citações são coisas você achou peculiares no meu som. Mas outras pessoas sentem outras coisas como sendo únicas.
A mim cabe agradecer pelo fato de você ouvir o som e, também, agradecer à oportunidade que temos de poder ouvir alguém por diversas vezes e perceber elementos novos a cada vez.
Sinto que o que percebemos na música tem a ver com nosso estado evolutivo. Tem discos que ouço por repetidas vezes, em diversas épocas e é sempre uma descoberta.
Sobre o que você me pergunta sobre as citações, se são “pensadas antes” ou se são “inspirações do momento”, lanço uma tarefa (que espero ser agradável): vá ouvir-nos ao vivo! Assim você vai ter a experiência direta e poderá perceber nitidamente se o que se toca é honesto (inspirado, fruto da intuição) ou não (pré-estudado, premeditado).

-- Como você sentiu a transição de estilos de som na sua vida?

Para mim, música é uma coisa só. As linguagens variam, mas o sentimento da verdade é o mesmo em qualquer época e lugar. Sempre busco o que é mais verdadeiro para mim, sem medo de ser rotulado como isso ou aquilo.

-- A guitarra é um instrumento com amplas possibilidades em termos de timbre, o que permite que ela transite em muitos estilos. Há alguma limitação no instrumento que o incomode?

Há a minha limitação. Só que ela não me incomoda; ela me ensina, me alerta. Vivo ouvindo minhas gravações, acho uma boa prática para perceber o que deve ser melhorado.
E quanto mais ouço o que está acontecendo no momento, mais faço parte da música.



-- Defina a música em uma palavra ou em uma nota musical...

Divina.

-- Para fechar, o que você acha que falta para haver um maior reconhecimento e divulgação de sua música e da música instrumental brasileira em geral, no exterior e no Brasil?

Não busco o reconhecimento. Busco apenas tocar música, servindo-a. Tocar é o principal, o resto vem.
Sinto que a própria música é a recompensa maior.
As pessoas buscam coisas diferentes na arte. Alguns buscam a aprovação dos pais ou, em conseqüência, a aprovação da sociedade. Outros buscam o dinheiro, o poder, a fama - talvez para compensar infâncias difíceis. Alguns poucos buscam o autoconhecimento, o divino.



Para descobrir um pouco mais do som de Michel e um vídeo que é um achado, vejam:

http://www.youtube.com/watch?v=H8F6HMcq-9k - Um Dois Trio-Michel Leme,Thiago Espírito Santo,Cuca Teixeira no Jô.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lupa Santiago – Fraseando o Jazz sem premeditação






Conheci pela primeira vez a música de Lupa Santiago há uns anos atrás em uma gig no Teta Jazz Bar em São Paulo. Dono de uma característica ímpar na guitarra da música instrumental feita aqui no Brasil, ele se destaca pelo constante espaço de criação contínua que se desenha nos seus temas, fraseados e improvisações, que sempre estão amalgamados em todos compassos de suas composições.

Lupa Santiago fez mestrado no Boston Conservatory e Berklee College Of Music (Boston, EUA – 2000), formou-se pela Berklee College Of Music (98) e graduou-se pelo Musicians Institute (GIT/Los Angeles, EUA- 95). É Coordenador Pedagógico e Vice Diretor da Faculdade Souza Lima/SP.

Já tocou com diversos artistas internacionais e nacionais. Entre eles : Jerry Bergonzi, Bill Pierce, Jaleel Shaw, Dave Liebman, Ronan Guilfoyle, Jarmo Savolainen, Markku Ounaskari, Phil De Greg, Howard Levy, Vincent Gardner, Oscar Stagnaro, Gary Willis, Magos Herrera, Phil Wilson, Robert Kaufman, Rick Peckham, Vartan Ovsepian, Daniel D’Alcântara, Bob Wyatt, Nelson Faria, Fernando Corrêa, Sizão Machado, Vinicius Dorin, Edu Ribeiro, Banda Mantiqueira, Rogério Bocato, Nenê.

Destaque para o trabalho com a banda Sinequanon e seu último cd com eles, que se chama Horizonte Artificial.

Eis aqui a primeira entrevista realizada com um guitarrista nesse espaço do Música Contemporânea. Entrevista realizada por mim, com a colaboração de Marcelo Montes:

- Quais são seus atuais projetos?

Acabei de lançar dois novos livros pela editora Souza Lima no Brasil e pela Advance Music internacionalmente: Livro Novo Dicionário de Acordes Para Guitarra e Violão / Livro Play Along Música Brasileira em métricas Ímpares.
Também lancei o CD Novas Regras com meu grupo Regra de Três, e tocando bastante (Regra de Três: Lupa Santiago, Sizão Machado & Bob Wyatt).
Estou também tocando com meu outro grupo, Sinequanon (Lupa Santiago, Vitor Alcântara, Carlos Ezequiel & Guto Brambilla).



-- O que você mais gosta de fazer na música? Criar, compor o tema, acompanhar, improvisar?

Acho que o estilo de música que toco e os músicos com quem toco, tudo fica bom, e tudo se confunde: improviso acompanhamento, composição, tudo é criação. Procuro manter os dois lados vivos, ativos e renovados: compositor e guitarrista (improvisador) estudando ambos constantemente.

-- Como você acha que será a raiz do Jazz em um futuro daqui a cem anos? Algo do que já está sendo realizado? Ou algo totalmente diferente?

Sempre algo diferente. O jazz se renovou a cada 10 anos no ultimo século com estilos novos sempre: Dixie, Swing, Be Bop, Hard Bop, Cool Jazz, Free, Fusion, Moderno, e deve continuar assim. Renovar é o pressuposto do Jazz, a condição!!!
Cada novo estilo de jazz sempre traz na bagagem parte da tradição, a herança, o DNA, mas é um novo ser independente.
Os grupos de hoje são artisticamente importantíssimos e riquíssimos, não só no Jazz Americano, mas no brasileiro e no europeu, nunca se produziu tanta novidade!!



-- Como você encara a música hoje em sua vida? Como instrumento de trabalho que às vezes dá prazer ou um prazer que às vezes dá trabalho de mais?

Nem penso mais nisso, é minha vida e pronto, dá um trabalhão, mas tudo em que você se dedica e quer resultados requer um “trabalhão”. É dedicação quase que integral, mas é um prazer muito grande tocar, compor, ensinar e ouvir.


-- Qual é um sonho que você almeja na música que ainda não foi realizado?

Continuar tocando e gravando com grandes músicos, continuar compondo sempre e aumentar meus estudos.


-- Como foi sua trajetória como músico? O interesse pelo jazz foi sempre presente ou houve outras fases?

Comecei tocando rock. Foi no final da adolescência que comecei a me interessar por fusion, e na faculdade decidi me aprofundar no Jazz. Foi tudo natural, não premeditei nada.
Sempre tive grupos, é a maneira mais rápida de se desenvolver, vejo hoje as pessoas arrumando empecilhos para ensaiar e tocar ao vivo... Isso é uma grande besteira, quanto mais você tocar, melhor!!!!



-- Você é muito eloquente na linguagem do bebop. De onde vem isso?

Estudo muito este estilo, assim como todos os outros do Jazz, talvez este soe mais natural na minha linguagem. Eu transcrevo bastante coisa, de diferentes estilos e instrumentistas. Da época do Bebop ouço direto: Charlie Parker e Bud Powell, e Wes Montgomery, que considero passagem entre Be Bop e Hard Bop.
Mas também ouço Jazz Moderno: Dave Douglas, Dave Holland, Adam Rogers, Tim Berne, Bill Frisell. E muito Free: Paul Bley, Ornette Coleman e Don Cherry.




Links de vídeo e site:

http://www.youtube.com/watch?v=LJCVOlYVCtA – música Palavra Certa com Sinequanon no estúdio

http://www.youtube.com/watch?v=MyEzrQqc9BA – com o grupo MC4 no Sesc Instrumental Brasil

http://www.lupasantiago.com

Twitter

Olá, queria convidar aos leitores que tem ou não twitter a entrarem no meu espaço lá no twitter, que tem novidades sobre o Música Contemporânea e outros blogs que mantenho.

http://twitter.com/caiogranello/

Ainda além, quem se interessar a entrar em um dos meus outros blogs que tem um pequeno artigo que escrevi sobre Música e Senso Estético na Modernidade.

http://psiqueativa.blogspot.com/2009/11/musica-e-senso-estetico-na-modernidade.html

Abrs!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Muse- do Clássico ao Rock


O novo álbum do Muse (The Resistance) fez muitos críticos torcerem o nariz, e outros apreciarem a nova obra dos caras. O álbum veio recheado de músicas com orquestra, inclusive três delas (uma dividida em três partes – Exogenesis) somente a sinfonia instrumental. Não diria que é uma inovação esse tipo de mistura, mas eles conseguiram realizar a tarefa com propriedade. Para quem quiser conferir algo do novo trabalho, veja uma das músicas no programa Later With Jools Holland.

http://www.youtube.com/watch?v=tLfxpolWDp8 - United States of Eurasia - Muse



sábado, 26 de setembro de 2009

Frederico Heliodoro – Engenho Mineiro no Baixo


Frederico Heliodoro, contrabaixista, guitarrista, compositor, produtor e arranjador. Foi um dos vencedores do prêmio BDMG Instrumental de 2009.
Mais um excelente músico brasileiro que desponta com destaque, e que passou esse mês com sua banda pelo Sesc Instrumental Brasil.
Com os holofotes ligados nele e seu grupo, a poeira levantou e o verbo rítmico e melódico se soltou com energia, acertando os ponteiros do batimento dos metrônomos audi-emotivos dos ouvintes presentes.
A onipresença do som dos membros de sua banda legitimaram um grande som apresentado no palco.
Para degustação, segue link de vídeos e site de Frederico, e entrevista logo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=-vRy2B8nfBc&feature=player_profilepage – Sesc Instrumental

http://www.myspace.com/fredericoheliodoro



--Quais projetos ao vivo ou em gravação você está envolvido no momento?

Bom, no momento, estou envolvido com o projeto do compositor Affonsinho, meu pai, que está lançando seu quinto disco pela gravadora Dubas, do Ronaldo Bastos. Eu gravei todos os baixos desse disco e co-produzi também. Faço parte do grupo Ramo, que também está lançando um cd agora, através do Projeto Pixinguinha. Gravamos em janeiro de 2009 com a produção do Benjamim Taubkin e estamos fazendo os shows de lançamento. Gravei o disco da cantora Beatriz Rodarte que será lançado em novembro e gravei 3 faixas do disco do compositor Antônio Loureiro, que está muito bom!! rsrsrs... Estou correndo atrás de coisas para o meu trabalho solo, com o qual me apresento com um quarteto: baixo, piano, sax e bateria. Gravei o meu disco em um fim de semana em setembro e agora estou aguardando para começar a mixar.

--Como você definiria a música que você faz? Teria uma influência fusion com música brasileira?

Acho que a música que eu faço é o reflexo de tudo o que eu já ouvi até agora. Jimi Hendrix, B.B.King, Mutantes, Beatles, Tom Jobim, João Gilberto, Moacir Santos, Ed Motta, Hermeto, Bojan Z, Joshua Redman, Chick Corea, Wayne Shorter etc. Eu, particularmente, não considero "fusion". Essa palavra me lembra coisas que eu não gosto tanto. Apesar de significar "fusão", acho que minhas músicas têm um pouco de influência brasileira, como o samba e o maracatu, mas a base é o groove e o jazz mesmo.

-- Você gosta de tocar outros estilos, como o rock, por exemplo?

Eu comecei tocando rock'n roll. Sempre gostei e acho fundamental pra qualquer músico ter uma experiência no rock. Assim como o blues e o funk. Pra mim, como baixista, isso foi de grande importância. A performance no palco, a "economia" quando eu toco acompanhando alguém e o fraseado da pentatônica. Essa influência, claro, aconteceu graças ao meu pai.

--O que você destacaria na cena instrumental de Belo Horizonte como pontos positivos em relação a outras cidades, como São Paulo?

Não sei como responder essa pergunta. Em Belo Horizonte sempre aparece um lugar novo pra tocar, e aí todo mundo vai tocar lá. E depois o lugar fecha, ou vizinho manda a polícia. É sempre assim. Não sei como é em São Paulo, porque até agora só toquei em teatro. E tem o lance da cultura do couvert artístico. Infelizmente muita gente ainda se submete a isso. O bar quer que você toque e leve o público. E se não for ninguém, a culpa é do músico que ainda sai ganhando mal. A responsabilidade de o lugar encher é do bar. A nossa responsabilidade é tocar.

--Que música tu gosta, mas tem vergonha de contar?

Não tenho vergonha de contar. Se eu escuto uma música e ela é boa pra mim, isso já vale. Justin Timberlake, por exemplo. Eu acho muito legal. Falo pra todo mundo. O som que ele faz não é menor porque ele cantava no N-Sync há sei lá quantos anos atrás. O show do cara é groove, mega produção! Do nada aparece um Rhodes no palco e o cara vai lá e toca bem!


--Muitos baixistas costumam explorar a natureza melódica de seu instrumento. Como você pensa as melodias de suas composições?

Eu componho mais no piano e no violão. E vou cantando as melodias, imaginando elas para o sax ou para o piano. As músicas vêm naturalmente. Não acho legal compor pensando em não usar clichês ou coisa do tipo. Esse tipo de processo cria um resultado redundante e não inovador, NA MINHA HUMILDE OPINIÃO, porque vários "alunos" pensam a mesma coisa e fica tudo meio parecido. É engraçado até. Mas as minhas músicas eu vou fazendo sem pensar, se surgir alguma coisa legal, ótimo. Se não, tá bom também. Música simples é legal.


--Qual o peso do background de cada músico e da prática em grupo no processo de amadurecimento de novos projetos e de um show como o do Sesc Instrumental? Qual o tempo dedicado a cada fase?

É muito importante, para o seu trabalho, escolher músicos que vão tocar o que você quer ouvir. Para isso acontecer, tem que ter uma certa compatibilidade de influências. Eu formei um quinteto, que pra mim, funcionou muito bem no Sesc. No momento eu reduzi a formação pra quarteto porque eu acho que a simplicidade aumenta a capacidade de criação em cima de cada tema. E o som que eu estou curtindo no momento é esse. Para o show do Sesc a gente começou a ensaiar um mês antes. Devemos ter feito uns 5 ensaios. Gravando os ensaios e ouvindo, pra reparar o que podia melhorar etc. Para a gravação do cd do Ramo, ensaiamos 2 meses, tipo 3 vezes por semana. Nesse caso, quanto mais ensaio, melhor, por causa dos arranjos e tudo o mais. É muito importante tocar junto, um ouvindo o outro, conhecendo a maneira de tocar de cada um que está no som.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vitor Cabral - Sensibilidade e Arrojo


25 de agosto de 2009, terça-feira chuvosa em São Paulo, mas dentro do Auditório do Sesc o que se viu passar durante a apresentação de Roberto Sion e banda no Instrumental Sesc Brasil foi algo quente e revigorante para qualquer humano. Uma grata surpresa foi poder ver e ouvir Vitor Cabral, baterista da banda, junto também ao grande baixista Sidiel Vieira e o consagrado guitarrista Hélio Delmiro.


A banda apresentou famosos temas brazoocas e de jazz, e composições próprias de Roberto Sion. Sion mostrou uma musicalidade absurda em suas improvisações e melodias. Sou suspeito para falar, pois sou baterista, mas um dos principais destaques da noite foi o batera Vitor Cabral com a sua alta perfomance, gosto pela música, comunicação com os músicos e sensibilidade apuradíssima.

Algo que poucos músicos realmente sabem fazer bem, Vitor o faz com propriedade, que é usar todo o seu vocabulário musical a serviço da música, isto é, ele consegue servir a música do conjunto e ao mesmo tempo utilizar seu extenso vocabulário sempre tocando a 100 Km/h, com 100% de uso de sua dimensão musical total.
Foi com ele que se seguiu essa entrevista a seguir:


-- Vitor, gostaria que você me contasse um pouco da sua trajetória e formação musical.

Bem, inicialmente eu comecei meus estudos no piano, quando tinha 8 anos de idade. Entre idas e vindas, troquei pela bateria aos 13, quando comecei a tocar na igreja, já que venho de uma família cristã-protestante. Isso foi, no começo, a minha "escola", e sou muito grato por ter tido essa oportunidade, pois além de ser uma forma bastante didática de começar, é possível se criar um relacionamento com a música um pouco diferente dos demais. Nesta mesma idade, ingressei na Fundação das Artes de São Caetano, uma escola bem conhecida no ABC, mas que eu pouco estudei o instrumento de fato, acho que 1 ano somente, perto do final do curso, mas aprendi muito das matérias consideradas "teóricas" lá, como percepção, apreciação, conceitos básicos de harmonia, contraponto e assim por diante, além de ter contato com outros músicos e ser apresentado à música sob uma outra perspectiva. A partir disso eu fui me lapidando musicalmente, procurando ouvir os mais velhos, mesmo que nem sempre o espírito jovial me permitisse. Tive um recesso musical de alguns anos na minha adolescência por questões financeiras e pessoais, e acabei voltando definitivamente há 2...3 anos, quando ingressei no grupo do trombonista Bocato. De lá prá cá voltei a estudar e agora também a trabalhar somente com música.

- O que você acha que mais contribuiu para sua expressividade e sensibilidade na execução das músicas e comunicação com os músicos no palco?

Sobre a expressividade e sensibilidade, é um pouco difícil "nomear" essas influências, acredito estar no início do processo, no entanto, particularmente posso dizer que o estudo de piano foi um fator fundamental para compreender melhor o contexto e aprender a partir daí a me colocar na música. O exercício de ouvir os grandes músicos e outras opiniões à respeito da música, vai formando um "repertório de idéias", solidificando sua personalidade com o passar dos anos. Agora, sobre a comunicação no palco, acredito, plenamente em como, humanamente, você se relaciona com o outro. Eu entendo o "tocar junto" como uma espécie de comunhão, confraternização e, sendo assim, valorizo muito o relacionamento para além da música que procuro ter com quem toco. Mas confesso que nem sempre toco com pessoas que compartilham desse mesmo espírito.

- Quais são novos nomes da música que você indicaria para ouvir?

De bateristas: Brian Blade, Jamire Willians, Chris Dave, e um brazuca que gosto bastante, Daniel de Paula. Outros: Robert Glasper, Meshell Ndegeocello, Kudu, Kenny Werner, Overtone Quartet, David Binney, Mente Clara e o grupo do baixista Marcos Paiva, chamado MP6 que está fazendo um trabalho de resgate e desenvolvimento do samba-jazz muito bom!

- Antes de se apresentar, como você procura se inspirar? Sente a necessidade de ouvir alguma música em especial, ou apenas ouvir música? Ou você pode passar um dia inteiro sem nem ouvir ou tocar uma nota sequer e entrar no palco e estar disposto e inspirado?

Eu entendo que a idéia é a música ser tão presente na sua vida e sua vida tão presente na música que já não se faz uma distinção cartesiana da coisa e isso não é um fanatismo, muito pelo contrário. Poucos músicos conseguiram essa Sabedoria e é neles que me inspiro em minha Caminhada. Sendo assim, procuro sempre estar ouvindo, estudando o instrumento e lendo sobre o que diz respeito não só ao universo musical, mas aos valores mais profundos da vida. Agora, sendo mais específico, antes das apresentações se ouço algo, procuro ouvir o que esteja na idéia estética do que eu vou tocar para que eu possa me manter concentrado na linguagem.

- Dos lugares em que você já tenha tocado, qual mais te tocou?

Sem dúvida nenhuma: " o meu quarto! ", hehehe! Lá tem se dado muito do meu processo.

- Em duas palavras, o que é música para você?

Imanência e Transcendência.



Vídeos c/ Vitor Cabral:

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

InTrio - Composição em Projeção


Basta uma pequena "olhada" sobre os sons do grupo InTrio para se perceber a ressonância magnética de suas composições. Se delineia sobre o simples imponente trio, uma junção de sonoridade jazzística que pouco se vê no meio instrumental brasileiro. Neste primeiro cd do grupo , intitulado "Sábado de Manhã" (nome vindo dos "escassos" sábados de ensaio), a banda apresenta 11 composições autorais, assinadas pelo guitarrista Rafael Said e pelo baixista Bruno Barbosa.


Segundo o site do grupo: "O grupo InTrio se reuniu no início de 2008 em Ribeirão Preto, e é formado por Rafael Said, Bruno Barbosa e Pedro Fillipe. A sonoridade do grupo é marcada por uma fusão de vários segmentos do Jazz, tanto tradicional quanto moderno, não descartando também influências vindas do Funk e da Música Brasileira."


Vale destacar a bela composição "Sábado de Manhã" , que leva o nome do álbum.




quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ari Hoenig - Convenção, Precisão, Improvisação


Apesar de suas constantes caretas ao improvisar, Ari Hoenig é extremamente efusivo ao tocar sua bateria. Executa com notoriedade convenções muito bem trabalhadas. Um bom exemplo disso é o trabalho com o Kenny Werner, no Kenny Werner Trio. Já acompanhou além dele, uma grande classe de músicos, entre eles : Jean Michel Pilc Trio, Chris Potter Underground, Kurt Rosenwinkel Group, Joshua Redman Elastic band, Jazz Mandolin Project , Wayne Krantz, Mike Stern, Richard Bona, Pat Martino, Dave Leibman.


Vale a pena conferir:




http://www.drummerworld.com/Videos/Arihoenignewyork1.html -
Ari Hoenig - Jean-Michel Pilc - Jacques Schwarz-Bart - Matt Penman

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Marcos Paiva – Samba no Prato


Música brasileira de primeira qualidade. Essa é a primeira e contínua impressão ao se ouvir as músicas do projeto intitulado “Meu Samba no Prato”, realizado e idealizado pelo baixista, compositor, arranjador e produtor, Marcos Paiva.
É raro um músico ao conceber um álbum, ou que tenha como grande influência um instrumentista de outra especialidade. Foi o caso de Marcos Paiva, baixista que homenageou o baterista Edison Machado através deste projeto de show e futuro álbum.


Abaixo, alguns tons da conversa com o contrabaixista, onde Marcos Paiva fala um pouco sobre sua relação com a música de Edison Machado e o projeto-homenagem do cd :


Vou começar falando de um álbum muito importante para a música brasileira. “Edison Machado é Samba Novo” que para mim continua sendo o álbum de maior referência da discografia instrumental brasileira e um álbum que reúne importantes músicos como o maestro Moacir Santos, o arranjador e clarinetista Paulo Moura, J.T Meirelles que também é um grande arranjador e formador da linguagem do “sambajazz”, o fabuloso trombonista Raul de Souza além de Maciel (trombone de vara), Pedro Paulo (trompete), Tenorio Junior (virtuoso pianista que sumiu na Argentina na época dos golpes militares) e o grande Tião Neto (baixista “referência” da bossa nova e que depois tocou por muitos anos com Tom Jobim). Além de uma energia incrível e de solos (embora curtos) memoráveis, este disco tem arranjos muito inspirados e ao mesmo tempo pensados exatamente pra o líder do grupo. O grupo soa muito unido, muito junto. Respirando e pulsando no mesmo tom.

Edison ficou conhecido aqui no Brasil e até hoje é sua maior, digamos, qualidade, o fato de “ter inventado” a batida de samba utilizando o prato. O que pra nós hoje é lógico, na década de 60 (talvez final de 50) ainda não era. E o fato de ele ter começado a conduzir o samba no prato e não nos tambores (alguns chamavam de cruzadão, imitando a percussão como se era usado), criou uma nova perspectiva sonora que mudou para sempre a forma de se conduzir na bateria. Confesso que isto, que para a maioria das pessoas é o mais importante nele, para mim é só um pequeno pedaço desse grande músico.

Numa época em que baterista era um “quase não músico”, ou apenas o ritmista do grupo, Edison teve uma capacidade única (e artistica) de liderança ao lançar seus próprios trabalhos solos. Ao liderar seus grupos, criou uma forma de tocar com tanta energia e personalidade que até hoje é difícil de ver alguém superá-lo. Não é tocar rápido e não passa pela técnica, passa ao meu ver pela capacidade que poucos músicos conseguem obter na sua trajetória musical, a personalidade. Quando você ouve um disco, basta 5 compassos para saber se é ele tocando ou não. E isso é muito, muito difícil de se conseguir.

A idéia de fazer esse Tributo veio de muitas conversas com amigos e músicos. Sempre reclamei que no Brasil, a linha evolutiva na música instrumental sempre foi quebrada. Começava um negócio legal, e daí parava e começava outro com novos outros músicos que negavam o que estava rolando e partiam para algo totalmente novo (ou em 99% influenciados por algo de fora). Não tenho nenhum preconceito com influências externas seja de onde vier, mas a mim me incomodava e incomoda o fato da falta de continuidade, de negação. Sempre vi em vários países e principalmente nos EUA os tributos e aí pensei, por que não fazer um?? Quando fechei a idéia de fazer um tributo na linha evolutiva do que eu já estava fazendo, pensei na minha maior referência (neste disco, do Edison) e na obra do maestro Moacir Santos. Como este disco também tinha o Moacir e tantos músicos de referência, falei “vou fazer pra ele”.

Daí, veio a segunda questão. Como homenagear e não tocar como eles? Com o tempo amadureci a idéia e inspirei as minhas composições nas músicas do disco. Cada música que criei está completamente ligada à uma música no disco mas sob minha perspectiva sonora. Está sendo ao meu ver, uma forma de também contribuir para a divulgação deste disco nos nossos dias. O baterista do meu grupo, Daniel de Paula, eu o considero o “Edison Machado” dos dias de hoje (rsrs), não pelo fato de ele tocar parecido com o Edison mas pelo fato de ele ter tanta personalidade que ou você ama ou odeia. (O Edison era exatamente assim, muitos amavam e muitos odiavam). Depois chamei os outros amigos que gravaram o meu primeiro (Cassio Ferreira- sax alto, Jorginho Neto- trombone, Edinho Santanna- piano) e só mudei o trompetista, trocando o Rubinho Antunes pelo Daniel Dalcantara que é um músico totalmente inspirado no sambajazz.

Caio, para fechar pois este assunto que daria ainda muito pano pra manga, para mim o que mais me inpressiona nele é sua personalidade, capacidade de liderança e sonoridade (arranjos e energia pura).

Músicas do projeto e sites:
http://www.marcospaiva.com/epk/sambanoprato/
http://www.marcospaiva.com
http://www.myspace.com/marcospaiva
Para informações e downloads de Edison Machado:

domingo, 7 de junho de 2009

Entrevista - Carlos Ezequiel - Alta Voltagem Rítmica



Carlos Ezequiel, baterista, compositor, e professor da Faculdade Souza Lima, impressiona com sua banda Sinequanon, imprimindo junto ao seu grupo, complexidade, improvisações coletivas e polirritmias. Já foi indicado ao Latin Grammy pelo cd Images e participou de festivais como o Montreux Jazz Festival, entre outros.


Sua bateria berra notas compassadas num belo caos elaborado e sincopado. A ardência da conjunção entre os membros da banda ao vivo é plena.


Destaque para os cds Telescópio do grupo Sinequanon e seu cd Images junto à Lupa Santiago.


Veja a seguir entrevista realizada esta semana com o batera:


- Quais são seus principais projetos musicais em atividade e suas próximas empreitadas?


Um dos novos projetos a que estou me dedicando é o lançamento do meu livro "Interpretação Melódica para Bateria". Ele foi lançado aqui no Brasil pela Editora Souza Lima, e também está saindo na Europa, E.U.A. e Japão pela editora alemã Advance Music, o que provavelmente fará com que eu vá à Europa em breve pra divulgá-lo por lá. Além disso, há um monte de coisas acontecendo com os grupos com quem trabalho: o Sinequanon está começando a compor músicas para um novo cd, o MC4+ entra em estúdio esse ano pra gravar o segundo cd, e o SVCD e o Luís Fernando 4teto seguem de vento em popa fazendo shows por SP. O Sinequanon e o MC4+ também devem ter uma turnê pela América do Sul ainda no segundo semestre desse ano. Também tenho uma turnê e uma gravação de um cd programada para setembro, em um projeto do guitarrista baiano Jurandir Santana junto com o saxofonista americano Seamus Blake.

-Carlos, nas suas viagens a exterior, o que você recorda de significativo em termos de diferenças e semelhanças da apreciação da música brasileira, em relação à costumeira recepção e apreciação da música aqui no Brasil?


O que me chama a atenção quando vou tocar em outros países é como, tanto na Europa quanto na América do Sul, há mais integração. Os músicos da Europa viajam muito para tocar com gente diferente, se interessam por outras culturas. Nos outros países da América do Sul também há muito intercâmbio - músicos da Argentina, do Chile e do Uruguai, por exemplo, participam de muitos projetos em comum. O Brasil tem uma posição um pouco mais distante, não apenas do ponto de vista geográfico, mas também por termos uma tradição musical muito forte. Justamente por causa dessa tradição musical forte, eu percebo mais resistência para se aceitar uma música experimental, de vanguarda. A meu ver, termos uma tradição forte deveria ser um motivo para nos estimular a trocar mais experiências com outros músicos e outras culturas. Afinal, é sempre ao aceitar inovações que se criam novas tradições.

-Você acha que a música instrumental (considerando sua complexidade harmônica, rítmica, etc) é uma música inteligível somente para pessoas versadas em teorias e aprendizados musicais, ou você vê uma admiração por parte de pessoas leigas também?


Essa é uma discussão que não fica apenas no campo da música, mas da arte em geral. Há sempre esse questionamento, se a arte pode ser apreciada por leigos. Claro que eu acredito que sim! A arte é subjetiva, e a subjetividade é um processo humano, por isso a arte pode ser apreciada por todos! O que acontece é que música instrumental é uma música subjetiva, de grande comprometimento artístico, e me parece que a sociedade atual supervaloriza a objetividade, assim a arte passa a ser vista como algo que não se pode compreender. Música não é pra se compreender, é pra se sentir, como diria o Hermeto Pascoal.


-Quais os principais nomes da música estrangeira hoje para você?


Essa é uma pergunta difícil. O mundo é grande, há muita gente legal fazendo música fascinante ao mesmo tempo... Mas dá pra citar alguns artistas que tem tido uma produção consistente nos últimos anos: o baixista Dave Holland faz um trabalho maravilhoso com o seu grupo Dave Holland Quintet; o saxofonista Chris Potter tem desenvolvido uma impressionante carreira, produzindo 2 a 3 cds por ano em formações e estilos bastante diversos; o baterista Brian Blade lidera o Brian Blade Fellowship, com lindíssimas composições e interpretações primorosas; o saxofonista Wayne Shorter continua fazendo a música mais sofisticada do momento com o seu quarteto; e o guitarrista Bill Frisell também faz um som que me fascina imensamente.




Para conferir sons, vídeos e mais informações de Carlos Ezequiel, visite:


http://www.youtube.com/watch?v=s31y8FDuvXY - Música : Sol Nascente
http://www.carlosezequiel.com/
http://www.myspace.com/ezequielcarlos

domingo, 31 de maio de 2009

Marco Minnemann - Cinematográfico




Quem já viu alguma performance de Marco Minnemann ao vivo saberá do que estou falando. Há alguns anos atrás tive o privilégio de acompanhá-lo em um workshop ao vivo. Foi um modo totalmente não convencional de se conhecer um artista de tamanho gabarito. Sabem aquelas coisas que só estando lá para ver e saber o que é ? Era isso... Era uma tarde dentro de um auditório com som impecável em São Paulo... Num dia de uma apresentação de vários bateristas de renome nacional e internacional em um festival como aquele, ele surgiu em meio ao palco antes dos bateras serem apresentados. Por não conhecê-lo de antemão, pensei no mesmo momento que ele fosse apenas um roadie ou ajudante de palco ali ajudando o pessoal a organizar a coisa toda. Nunca o taxaria de músico ou baterista. Mera imagem enganadora... Bastou ele subir ao palco para o início de sua apresentação (A primeira da tarde) para chocar o público presente. O cara era um monstro, inabaladamente versátil. Depois de tantos anos, relembro isso aqui porque por ter sido algo inesquecível, por seu modo original de tocar e atuar, em suas composições, levadas e malabarismos (não gratuitos), com um amor ao instrumento e à música levados ao extremo.

Destaque para os CDs Broken Orange , Mieze e o DVD Extreme Drumming.


Vídeos dele:

site:

domingo, 24 de maio de 2009

Entrevista - Rodrigo Digão Braz - Brasilidade


Rodrigo Digão é baterista e percussionista, e já tocou com nomes como Renato Consorte, Ai Yazaki (pianista Japonesa), Michel Leme, Fernando Corrêa e Grupo Mente Clara, além do projeto "Rodrigo Digão Convida" que contou com nomes como André Marques (Hermeto Pascoal, trio Curupira) Fábio Leal, César Roversi, Franco Lorenzon (esses últimos do Mente Clara) Miche Leme e João Paulo Barbosa.

Digão tem uma forma peculiar de tocar que deixa até os ouvidos menos treinados, atentos ao acompanharem ele em suas perícias de interpretação. Suas improvisações e levadas tem um jeito leve, quase com um descompromisso, tocando com sutileza e quase ternura as peles de sua bateria.

Vamos à entrevista:

-Digão, gosto muito da liberdade intuitiva na qual você improvisa. Pode-se dizer que é uma improvisação que procura se libertar de algumas amarras rítmicas? Dá pra explicar isso de forma racional ou de forma metódico-teórica? De onde vem essa inspiração na hora de solar?

Sobre a improvisação, podemos classificar a mesma em duas etapas: "Improvisação Livre" e "Improvisação dentro do Tema". Nessa primeira espécie, a improvisação livre é aquela em que eu penso em um determinado espaço a ser preenchido e tentando ( ao máximo) chegar a uma "paisagem", "fotografia" para assim exemplificar e fazer o ouvinte entender pela Física sonora a imagem em questão. No segundo caso, a própria música ( tema a ser tocado) nos dá elementos e o que procuro fazer é enfatizar com motivos melódicos, rítmicos e até harmônicos (porque não na bateria) desses elementos. Seja como for, a subjetividade das cores, dos objetos nos traz uma riqueza enorme e transformar isso em música é o nosso desafio. Eu posso explicar música por "n" ciências, e chegaremos às mesmas conclusões de sentidos e características gerais do mundo.

-Nas músicas do grupo Mente Clara há uma profunda influência e conexão com a música de Hermeto Pascoal. De onde vem essa paixão do grupo? Quais outras influências você acha tão importante quanto, para obter o resultado do som do grupo?

A influência do Hermeto vem como identificação com a cultura brasileira em geral e para o Grupo (claro que me incluo nesse), e externar essas caracteristicas regionais é nossa maior meta! Como não poderia deixar de mencionar como influências, entre muitas, todas as vertentes do Samba, Baião, Xula, Maracatu, Boi, Capoeira, Afoxé, e música improvisada de genêros vários

-Na sua opinião, qual o principal ingrediente para um músico dominar o seu instrumento ? Muito estudo ? Precisão? Um estado relaxado da mente?

"O corpo movimenta quando a cabeça ordena". Essa máxima também acontece quando falamos de música! O total (ou parcial ) domínio do instrumento deve à equivalente compreensão dessa arte que, volto a frisar, é nada mais nada menos que explanações do cotidiano transformadas em uma nova percepção e exemplificadas em timbres, durações, intensidades e tempos.

-Um improvisador é quase um repentista... Qual a sensação de se errar nestes momentos e isso acabar soando correto e musical?

A sua pergunta é auto-suficiente já contendo a resposta: EM MÚSICA NÃO EXISTE ERRO!! A idéia de que algo resultou "errado" faz com que todo o sentido de improvisação caia por terra, premeditando assim natureza-essência dessa arte. As sensações que em determinado momento seria "X", agora passa a ser "Y", obrigando o executante entender tal diferenciação e conseguir dentro do seu universo musical trazer esse novo elemento sem desordenar ou perder a fluência dos elementos outros envolvidos ( O Tempo e suas variantes, as células ritmicas).

-Quais nomes mais te influenciam na música atual (brasileira e mundial) ?

Nomes, pessoas, conceitos que fazem diferenca no meu trabalho (e porque não, no meu cotidiano): Hermeto Pascoal, Dave Holland Group, Miles Davis ( e suas fases), Stravinsky(compositor erudito), Huberto Rohden (filósofo católico brasileiro da decada de 50), grandes cineastas, pintores, coreógrafos, meus amigos de convivência cotidiana, a crise global, etc. "O artista só tem a real percepção de seu ofício quando todas esssas questões integrarem a sua natureza".
Para conferirem vídeos dele e sua banda, é só visitarem os links:
Programa Rodrigo Digão Concepção Rítmica! No ar todas as Quartas, as 16:00 no www.tvciadamusica.com.br
Abrs!

domingo, 3 de maio de 2009

Transatlantic - Clássico


Transatlantic está de volta! Os caras irão gravar o seu mais novo cd depois de um hiato de 8 anos. A banda de rock progressivo surgiu como um projeto paralelo de membros de bandas como Dream Theater ( Mr. Mike Portnoy), Marillion (Pete Trewavas), The Flower Kings (Roine Stolt), e Spock’s Beard (Neal Morse).
A banda lançou dois álbuns sendo o primeiro no ano 2000 uma compilação de influências diversas como Beatles, Pink Floyd e Yes. Mas o disco soa extremamente natural e original, com um frescor que há muito tempo não se via na cena progressiva.
O segundo disco - Bridge Across Forever – lançou-os à novas fronteiras, com um som mais pesado , autêntico, que trazia como principal característica a participação não usual de todos os membros da banda nos vocais das músicas.
O próximo álbum promete, e a minha leve e distinta opinião é que eles foram e ainda podem continuar sendo o mais rico projeto paralelo criado na música, e ainda uma das melhores bandas de progressivo que já existiu, um elixir da música. Se houvessem aparecido ao mundo na ida dos anos 70 ou 80, certamente seriam uma das mais clássicas bandas de todos os tempos, comparada aos mais belos nomes da música já citados aqui no início.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entrevista com o Contrabaixista Zeli



Esta é a primeira de uma série de entrevistas informais que realizei com músicos da cena instrumental brasileira, que pretendo ir postando aqui no blog.





Nesta vocês podem conferir a entrevista feita com Zeli, baixista conceituado da noite paulistana e brasileira, que tem como destaque seu segundo álbum solo chamado "Em Movimento", cd que particulariza uma música feita num "movimento" muito bem desenhado, com sutilezas brazoocas com um tempero tremendo de músicos que o acompanham como Vitor Alcantara (sax) e Edu Ribeiro (bateria).

Ao vivo, o destaque são as apresentações em conjunto com a cantora Tatiana Parra.

Além de compositor, arranjador, é professor, e também é integrante do grupo de música instrumental Terra Brasil, desde 1991.

Sem mais delongas, vamos à entrevista:



- Primeiro, eu gostaria de saber quais são suas atividades atuais, você leciona, certo? Quais são seus próximos projetos?

Além de dar aulas na Faculdade Santa Marcelina e na Faam, entre os meus atuais projetos viso finalizar logo o Cd em duo com o Vitor Alcantara, faltando mixar, masterizar e lançar. Tenho também meu trabalho de canções que deve ser registrado em breve e o repertório instrumental com meu quinteto.



- Teve algum momento de sua vida, que você consegue distinguir dos demais, que foi o principal propulsor na escolha da carreira de contrabaixista?

Nao especificamente, foi rolando naturalmente...



- Considerando a música brasileira atual, seja ela instrumental ou não, qual você acha a principal contribuição que a música brasileira dá nos dias de hoje à música mundial em termos de ritmo, harmonia, inovação, e cultura ?

Nossa música é rica nesses três aspectos: Ritmo, melodia e harmonia. Acho que essa mistura equilibrada e a originalidade são nossas grandes contribuições.



- Se você pudesse escolher entre quaisquer músicos, instrumentistas, cantores ou cantoras, da música brasileira atual para compor um "supergrupo", quem deles, dos quais você nunca tocou antes junto, você gostaria de tocar?

André Memhari, Tutti Moreno e Hamilton de Holanda.



- Qual foi o momento mais marcante na sua carreira? Uma composição? Uma gig? Uma improvisação especial?

Vários momentos, não destaco um só... tocar em Paris com a Badi Assad foi bem legal.



- Se uma pessoa tem dor de dente, vai ao dentista, se tem dor de cabeça, vai ao médico. E se ela tem dor na alma, vai ver um músico tocar?

Sim, é uma ótima receita pra se reciclar e se motivar, voltar pra casa e estudar...


Links de vídeo e sites de Zeli:

http://www.myspace.com/zelisilva

http://www.zelibass.com/

Vídeo c/ Fábio Torres no piano e Edu Ribeiro na batera:

http://www.youtube.com/watch?v=NKkCE3MjOHo&feature=PlayList&p=A83A7E6EA338A18B&index=0&playnext=1

sexta-feira, 27 de março de 2009

Supermousse- Estilo e Criatividade



Não poderia deixar de postar aqui o projeto do Caio Bauléo, grande amigo, compositor e guitarrista, na qual tive a honra de participar na batera da música Velho Espaço Novo (pré-mix).


"O SUPERMOUSSE nasce de um concentrado de estilos que formaram Caio Bauleo no decorrer de toda a sua carreira como músico. Inspirado por grandes bandas, os elementos em sua musica soam sutilmente sem querer provar nada. A simplicidade e a construção de versos....chicletes mentais.... é uma têndencia definitiva para os novos momentos de vanguarda juvenil. Aliás, Vanguarda é passado. O Supermousse não se restringe a jovens somente e sim a todos que queiram ouvir um bom som para toda hora. Sejam bem vindos ao myspace da banda :"

terça-feira, 10 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Dafnis Prieto - Latin Music !


Dafnis Prieto, baterista nascido em Cuba. Excelentes ritmos e timbre impecável, e que produção dos cds...


Vá até o link Listen to Tracks do site e ouça com seus próprios alcances auditivo-musicais:



Neste vídeo ele está no festival Modern Drummer que acontece todo ano:



Contem-me as impressões que vocês tiveram...

sábado, 31 de janeiro de 2009

Pete Lockett- Música indiana na bateria e percussão


Pete Lockett, um versátil percussionista, neste vídeo junto aos bateristas Russ Miller e Steve Smith, divulgam um pouco da arte rítmica indiana, acoplada a uma roupagem nova e contemporânea de tocar bateria musicalmente.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

The Feeling- rock com feeling


Rock britânico com sensibilidade em detalhes de influências de Beatles e Queen.

Destaque para a música Rosé, nesse vídeo gravado Live in Abbey Road:



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

André Mehmari - Intuição a serviço da técnica


André Mehmari, uma aula de improviso e intuição, é um músico que colhe sementes dos mais variados estilos musicais. Ele, nascido em Niterói, e com grande parte de sua vida musical desenvolvida e iniciada em Ribeirão Preto, fundiu em sua carreira vários ingredientes musicais, como o Jazz, Música brasileira e o erudito. Compositor, e excepcional arranjador, tem em sua técnica soberba seu tapete onde se apoia, mas é um pianista daqueles que tem algo mais a mostrar, que consegue expressar através de sua música um chamado mais profundo de alma e vigor musicais que faz com que todos os seus ouvintes tornem-se imediatamente “letrados” em música, por sua capacidade de tocar música de excelente qualidade para proporcionar a qualquer ouvido treinado ou destreinado uma bela degustação.


Nesse vídeo, ele toca uma bela composição de Edu Lobo e Chico Buarque:



Aqui, em forma fantástica com Suíte Clube da Esquina: