No mundo da música há o que
chamamos de música para dançar, música pra ouvir, para relaxar, música pra cantar,
a que traz energia, e a que transforma tristeza em alegria – como diria o poeta
Ferreira Gullar. Ou seja, existe um universo quase infinito para possibilidades
e intersecções entre elas.
Dentro desse universo, eu destacaria
quatro tipos principais de música: A que valoriza o ritmo; aquela que busca
trazer emoção, a que capta a atenção do intelecto, e aquela transcendental. Em
outras palavras, a música é feita para atingir o corpo, o coração, a mente, e/ou
a alma.
Raramente uma música ou um
artista consegue congregar todas essas camadas em seu estilo.
Em teoria, a música instrumental,
que é o principal terreno astral onde Frederico Heliodoro atua, é uma música para
o intelecto, com altas doses de ritmo e suingue. Frederico é um baixista,
compositor e arranjador vindo da bela Minas Gerais, filho do conhecido músico
Affonsinho.
Se não bastassem suas origens,
que já o credenciariam a uma boa estada neste mundo, Frederico esbanja talento
com seu baixo acústico, e com suas composições que não negam sua
estirpe; seu “clube da esquina”. Não nega e vai além.
Não é de se esperar que um disco
de música instrumental comece com vozes. Romper padrões é um dos bons papéis do
artista. Em “Dois Mundos”, Frederico Heliodoro e grupo afinam seus relógios
perceptivos e fazem da música um campo de exploração natural e esponjoso, onde
cada fricção entre um instrumento e outro produz novas cores, novas estrelas,
planetas e constelações, que vão sendo criados no mesmo universo. Do Jazz ao
rock, os limites vão se desfazendo e criando outros, mais ricos e sem
saturação.
Na faixa inicial “Burian”, podemos
vislumbrar o que é o disco, como se olhássemos no buraco da fechadura e víssemos
suficiente luz para preencher nosso espírito.
É como escalar o Everest. A cada
camada que sobe o alpinista, as dificuldades aumentam e o terreno, efeitos do
clima e altitude vão trazendo mais dificuldades para a missão. A complexidade que
o caminho vai mostrando e exigindo não faz perder de vista uma intensa
impressão: A de uma missão de natureza da alma.
“O contrabaixista Frederico
Heliodoro atua na cena musical de BH desde 2007. Já ganhou prêmios como
instrumentista e compositor e dividiu o palco com músicos de peso como Roberto
Menescal, Benjamim Taubkin, Cliff Korman, Lupa Santiago, Juarez Moreira, Rafael
Vernet, Nelson Faria, Sérgio Galvão, Márcio Bahia, Nivaldo Ornellas, Chico
Amaral e Cléber Alves. Em 2009 venceu o prêmio “BDMG Instrumental BDMG
Cultural”. Em 2010, passou uma temporada em Nova York estudando com importantes
músicos da cena jazzista americana como Ari Hoenig, Gilad Hekselman e Mike
Moreno. Dois Mundos é seu segundo álbum. Recentemente lançou “Verano”, seu
terceiro trabalho.”
Integrantes
do cd “Dois Mundos”:
Frederico
Heliodoro - baixo, composição e arranjos
Felipe
Continentino – bateria
Felipe
Viegas – piano
Pedro
Martins - guitarra
Produzido por Frederico Heliodoro e Daniel Santiago
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