domingo, 7 de junho de 2009

Entrevista - Carlos Ezequiel - Alta Voltagem Rítmica



Carlos Ezequiel, baterista, compositor, e professor da Faculdade Souza Lima, impressiona com sua banda Sinequanon, imprimindo junto ao seu grupo, complexidade, improvisações coletivas e polirritmias. Já foi indicado ao Latin Grammy pelo cd Images e participou de festivais como o Montreux Jazz Festival, entre outros.


Sua bateria berra notas compassadas num belo caos elaborado e sincopado. A ardência da conjunção entre os membros da banda ao vivo é plena.


Destaque para os cds Telescópio do grupo Sinequanon e seu cd Images junto à Lupa Santiago.


Veja a seguir entrevista realizada esta semana com o batera:


- Quais são seus principais projetos musicais em atividade e suas próximas empreitadas?


Um dos novos projetos a que estou me dedicando é o lançamento do meu livro "Interpretação Melódica para Bateria". Ele foi lançado aqui no Brasil pela Editora Souza Lima, e também está saindo na Europa, E.U.A. e Japão pela editora alemã Advance Music, o que provavelmente fará com que eu vá à Europa em breve pra divulgá-lo por lá. Além disso, há um monte de coisas acontecendo com os grupos com quem trabalho: o Sinequanon está começando a compor músicas para um novo cd, o MC4+ entra em estúdio esse ano pra gravar o segundo cd, e o SVCD e o Luís Fernando 4teto seguem de vento em popa fazendo shows por SP. O Sinequanon e o MC4+ também devem ter uma turnê pela América do Sul ainda no segundo semestre desse ano. Também tenho uma turnê e uma gravação de um cd programada para setembro, em um projeto do guitarrista baiano Jurandir Santana junto com o saxofonista americano Seamus Blake.

-Carlos, nas suas viagens a exterior, o que você recorda de significativo em termos de diferenças e semelhanças da apreciação da música brasileira, em relação à costumeira recepção e apreciação da música aqui no Brasil?


O que me chama a atenção quando vou tocar em outros países é como, tanto na Europa quanto na América do Sul, há mais integração. Os músicos da Europa viajam muito para tocar com gente diferente, se interessam por outras culturas. Nos outros países da América do Sul também há muito intercâmbio - músicos da Argentina, do Chile e do Uruguai, por exemplo, participam de muitos projetos em comum. O Brasil tem uma posição um pouco mais distante, não apenas do ponto de vista geográfico, mas também por termos uma tradição musical muito forte. Justamente por causa dessa tradição musical forte, eu percebo mais resistência para se aceitar uma música experimental, de vanguarda. A meu ver, termos uma tradição forte deveria ser um motivo para nos estimular a trocar mais experiências com outros músicos e outras culturas. Afinal, é sempre ao aceitar inovações que se criam novas tradições.

-Você acha que a música instrumental (considerando sua complexidade harmônica, rítmica, etc) é uma música inteligível somente para pessoas versadas em teorias e aprendizados musicais, ou você vê uma admiração por parte de pessoas leigas também?


Essa é uma discussão que não fica apenas no campo da música, mas da arte em geral. Há sempre esse questionamento, se a arte pode ser apreciada por leigos. Claro que eu acredito que sim! A arte é subjetiva, e a subjetividade é um processo humano, por isso a arte pode ser apreciada por todos! O que acontece é que música instrumental é uma música subjetiva, de grande comprometimento artístico, e me parece que a sociedade atual supervaloriza a objetividade, assim a arte passa a ser vista como algo que não se pode compreender. Música não é pra se compreender, é pra se sentir, como diria o Hermeto Pascoal.


-Quais os principais nomes da música estrangeira hoje para você?


Essa é uma pergunta difícil. O mundo é grande, há muita gente legal fazendo música fascinante ao mesmo tempo... Mas dá pra citar alguns artistas que tem tido uma produção consistente nos últimos anos: o baixista Dave Holland faz um trabalho maravilhoso com o seu grupo Dave Holland Quintet; o saxofonista Chris Potter tem desenvolvido uma impressionante carreira, produzindo 2 a 3 cds por ano em formações e estilos bastante diversos; o baterista Brian Blade lidera o Brian Blade Fellowship, com lindíssimas composições e interpretações primorosas; o saxofonista Wayne Shorter continua fazendo a música mais sofisticada do momento com o seu quarteto; e o guitarrista Bill Frisell também faz um som que me fascina imensamente.




Para conferir sons, vídeos e mais informações de Carlos Ezequiel, visite:


http://www.youtube.com/watch?v=s31y8FDuvXY - Música : Sol Nascente
http://www.carlosezequiel.com/
http://www.myspace.com/ezequielcarlos

2 comentários:

Anônimo disse...

Caio, adorei a entrevista do Carlos.
Parabéns e abs!
Marcos

Ricardo disse...

Grande Vitão

Esse garoto vai longe !!!

TFAC