segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Michel Leme – Sacudindo as estruturas da Música



Michel Leme, um artista que valoriza a arte em sua plenitude. Guitarrista desde os oito anos de idade, põe seu leme a nadar e a cantar, e trabalha a virtude, o prazer e o compartilhar de sua arte à serviço da música.

Trato despojado e refinado à música, que pode ser encontrado em um dos seus trabalhos mais recentes, o “Michel Leme & A Firma”.

Em sua discografia, podemos encontrar grandes parceiros musicais, que costumeiramente estão com ele em seus projetos, como o Thiago do Espírito Santo e Alex Buck.
Inserido nesse vasto universo musical, Michel congratula seus ouvintes sempre com inspiradas improvisações, com o expoente natural de que música boa é música ao vivo.

Com sua autêntica visão e tom filosófico, expõe nessa entrevista, um pouco de seus pensamentos e rumos musicais a que está se enveredando atualmente:

-- Quais são os trabalhos e projetos que mais estão mexendo atualmente com você?

Estou mixando meu disco novo, que gravei nos dias 30 de outubro e 16 de setembro. Gravei com o Bruno Migotto (baixo), Bruno Tessele (bateria) e Waguinho Vasconcelos (bateria). Tem uma faixa em trio e as outras são todas em quarteto, com duas baterias. Aguarde novidades a respeito.

Acabei de gravar um DVD com o Thiago Alves (baixo) e o Serginho Machado (bateria). São 05 músicas, duas delas inéditas – uma delas do Thiago Alves. Também acabei de gravar o disco do baixista Bruno Migotto, chama-se “In Set”; é um septeto, com composições e arranjos do Bruno.

Estou gravando um DVD do Glécio Nascimento, baixista de Santos, com o Nenê na bateria – faltam umas duas ou três músicas pra concluir. Também estou gravando o novo disco do Arismar do Espírito Santo, no qual ele toca bateria. É um disco no formato trio: Arismar, eu e o Thiago Espírito Santo.

Todas as quintas-feiras, às 19h30min, tem o Programa Michel Leme & Convidados na TV Cia da Música também – desde novembro de 2007.
Além disso, estou tocando por aí, onde ainda é possível tocar com dignidade e respeito à música. É só dar uma olhada no meu site pra saber do que está rolando: http://www.michelleme.com/


-- A música instrumental, seja o jazz, a bossa nova, ou outra vertente, impõe uma série de dificuldades aos músicos que almejam chegar a um bom patamar nesses estilos. Você acredita que para adquirir uma boa caligrafia sonora, o músico deve subverter regras?

Quais são as regras? Quem as dita? São alguns músicos cheios de preconceitos e mazelas psicológicas ou é o sistema de ensino que tem, em sua grande maioria, pessoas que não tocam e apenas arrotam “verdades de terceira mão”?
O músico deve tocar. Gosto muito da frase do Igor Stravinsky que está no livro “Poética Músical em 06 Lições”: “O músico tem uma obrigação em relação à música, que é inventá-la”
O resto é conversa...


-- Dos ermos lugares que você já tocou, quais deles mais lhe tocaram?

Não me lembro dos lugares ermos, Caio. Mas o que me marca são os momentos, as situações musicais. Não destaco nenhum em especial, tudo é um aprendizado. Acredito que quanto mais o músico estiver disposto a tocar o que a música manda, mais e mais momentos desses farão parte do seu ser.

-- Das peculiaridades de seu som, as principais em minha maneira de ver, são suas citações de outras músicas e temas que você faz nos seus solos e improvisações. Isso é pensado antes do solo, ou é à maneira do chefe (a inspiração do momento) ?

Como você diz, as citações são coisas você achou peculiares no meu som. Mas outras pessoas sentem outras coisas como sendo únicas.
A mim cabe agradecer pelo fato de você ouvir o som e, também, agradecer à oportunidade que temos de poder ouvir alguém por diversas vezes e perceber elementos novos a cada vez.
Sinto que o que percebemos na música tem a ver com nosso estado evolutivo. Tem discos que ouço por repetidas vezes, em diversas épocas e é sempre uma descoberta.
Sobre o que você me pergunta sobre as citações, se são “pensadas antes” ou se são “inspirações do momento”, lanço uma tarefa (que espero ser agradável): vá ouvir-nos ao vivo! Assim você vai ter a experiência direta e poderá perceber nitidamente se o que se toca é honesto (inspirado, fruto da intuição) ou não (pré-estudado, premeditado).

-- Como você sentiu a transição de estilos de som na sua vida?

Para mim, música é uma coisa só. As linguagens variam, mas o sentimento da verdade é o mesmo em qualquer época e lugar. Sempre busco o que é mais verdadeiro para mim, sem medo de ser rotulado como isso ou aquilo.

-- A guitarra é um instrumento com amplas possibilidades em termos de timbre, o que permite que ela transite em muitos estilos. Há alguma limitação no instrumento que o incomode?

Há a minha limitação. Só que ela não me incomoda; ela me ensina, me alerta. Vivo ouvindo minhas gravações, acho uma boa prática para perceber o que deve ser melhorado.
E quanto mais ouço o que está acontecendo no momento, mais faço parte da música.



-- Defina a música em uma palavra ou em uma nota musical...

Divina.

-- Para fechar, o que você acha que falta para haver um maior reconhecimento e divulgação de sua música e da música instrumental brasileira em geral, no exterior e no Brasil?

Não busco o reconhecimento. Busco apenas tocar música, servindo-a. Tocar é o principal, o resto vem.
Sinto que a própria música é a recompensa maior.
As pessoas buscam coisas diferentes na arte. Alguns buscam a aprovação dos pais ou, em conseqüência, a aprovação da sociedade. Outros buscam o dinheiro, o poder, a fama - talvez para compensar infâncias difíceis. Alguns poucos buscam o autoconhecimento, o divino.



Para descobrir um pouco mais do som de Michel e um vídeo que é um achado, vejam:

http://www.youtube.com/watch?v=H8F6HMcq-9k - Um Dois Trio-Michel Leme,Thiago Espírito Santo,Cuca Teixeira no Jô.

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