segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mário Feres - Caminhando nas trilhas da música


Eis aqui uma entrevista que fiz com Mário Feres. Mário Feres, é nascido em Marília (SP) em 1967; teve sua primeira atuação profissional em 1979, toca piano e violão; compositor, arranjador e produtor musical de formação auto didata.
Além da boa parceria com a cantora Vânia Lucas, conta também com o diferencial de um grande trabalho de arranjador e compositor de trilhas musicais.


Sigam as trilhas da entrevista:


-- Fale-me um pouco sobre seu começo de carreira e evolução na música.

Comecei cedo na música, tocava bateria com 5 anos de idade, fui tocar no programa Almoço com as estrelas do Airton Rodrigues na TV Tupi em 1972;
Mas na verdade isso era mesmo uma diversão de criança, puro prazer, nem eu nem minha família pensávamos em "carreira"; meu pai tinha conjunto de baile com os meus irmãos mais velhos e isso era um tremendo estímulo, eu via os ensaios e imitava-os como qualquer criança;

Com 12 anos sim toquei meu primeiro carnaval ganhando um dinheirinho com meu pai e daí, segui compondo canções pra Festivais de música da escola e da cidade (Marília- SP); nessa época eu já tinha uma banda com amigos e um primo, aí fui tocar trompete que era o único instrumento com o qual eu poderia entrar na banda do meu pai, (os outros que eu gostava já estavam ocupados) no carnaval eu tinha cantado e tocado surdo, instrumento de percussão.

Aos 17 tocava na noite de Marília violão e teclado, às vezes bateria mas fiz vestibular pra odontologia por orientação de meu pai e admiração pelo meu irmão mais velho que já era dentista.
Me formei em 1988 com 21 anos e nunca parei de tocar e amar profundamente a música, fui pra Londrina me aperfeiçoar em Odontologia e lá encontrei uma escola de música na qual dei aulas e estudei com um músico que viria a ser meu sócio de uma escola de música em Marília; essa época já escrevia arranjos empiricamente e muito devagar, pois a notação musical ainda era um obstáculo.
Em 1993 fui pra Ribeirão Preto onde foi exigido muito mais de mim como músico e acabei abandonando a odonto e me dedicando integralmente à música. Foi a época em que mais me desenvolvi como músico, compositor, arranjador e produtor musical; fiquei lá por 17 anos até o ano passado e agora divido Ribeirão Preto com o Rio de Janeiro onde o mercado de trabalho é mais exigente e maior, com mais visibilidade e mais oportunidades, mais concorrência também porém com isso troco com mais músicos e de diferentes formações, conheço melhor esse meu Brasil musical, terra de grandes misturas e temperos musicais infindáveis!
Escrevo trilhas para TV, Teatro, dança e Cinema, componho música popular instrumental e canção, canto, toco piano, violão, um pouco de contrabaixo e percussão, faço arranjos e dirijo gravações de música, amo o que faço e vejo a música brasileira como um grande e valoroso tesouro que temos e que começa a ser cada vez mais bem visto e explorado.


-- Dos instrumentos que você toca, como são suas afeições, significados com cada um deles?

Gosto tanto de música, que gostaria de ter tempo pra me dedicar a vários instrumentos. Toco regularmente piano e violão. Como gravo muito os meus trabalhos, muitas vezes toco também outros instrumentos como escaleta, contrabaixo, viola caipira e percussão; e também canto.
Mas no geral prefiro ter um bom percussionista ao meu lado e os instrumentos necessários pra fazer aquele determinado som! Uso muito as cordas (geralmente quarteto) e os sopros diversos. É sempre melhor tocar com mais músicos!
Tenho paixões individuais por cada instrumento que toco, e no momento que estou tocando sempre imagino que poderia ter mais tempo de dedicação àquele instrumento. Tenho uma queda especial pelo contrabaixo, talvez uma culpa mal resolvida por não ter me dedicado mais a ele!
O violão é um velho companheiro. Me sinto livre para pensar melodicamente quando acompanho nesse instrumento.
O piano é mais senhor de tudo, para escrever arranjos tem de ser no piano. Componho também no piano e sou mais requisitado para tocá-lo. Acho que tem menos pianistas e acabei desenvolvendo especial relação com esse instrumento por amar demais a obra do Tom Jobim.



-- Quais as diferenças principais em compor para uma trilha sonora e para uma música instrumental, por exemplo?

Primeiramente, uma música instrumental pode ser uma trilha. Fazer uma trilha depende de muitos fatores a que se destina essa trilha: cinema, dança, teatro, filme publicitário; De acordo com o "esse tipo" de possibilidade você trabalha com diferentes expectativas e possibilidades de resultado.
Vamos supor que a trilha seja para cinema. Normalmente cinema traz consigo já uma carga de trabalho muito grande, orçamentos grandes e se trabalha normalmente com Orquestra pela grandiosidade e o grau de exigência desse tipo de trabalho.
Escrever para orquestra é trabalho gigantesco e pesado, demorado. Por outro lado é sempre maravilhoso trabalhar assim, a gente se emociona muito quando tem um trabalho desses pela frente, principalmente se o orçamento é bom e você pode contar com uma boa orquestra e bom estúdio de gravação.
Falando um pouco sobre estilo, imagine que a trilha é para dança e o tema do espetáculo e das coreografias seja bem futurista. Certamente teria que contar com sons eletrônicos, teclados, sintetizadores que podem ou não misturar-se a sons acústicos ou da orquestra, dependendo da proposta e do compositor, entende? O ambiente ou "clima" desejado é que definem o tipo de instrumentação e recursos que eu vou precisar para tal.

http://www.myspace.com/marioferes
http://www.youtube.com/watch?v=LuSYjyvyD9k- Show com Mário Féres (piano), Silvio Zalambani (sax), Tiziano Negrello (baixo) e Duda Lazarini (bateria) na Semana de Música da Unaerp- outubro de 2009- Ribeirão Preto

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