quarta-feira, 16 de junho de 2010

Moska - Pra Poucos e pra Muitos




A Arte de compor uma bela canção é para poucos. Podem existir milhares de técnicas, conselhos, dicas, mas para se fazer música não existem estratégias, domínios. Combinar uma boa letra com uma adrenada composição então, é para raros. Na expectativa de que muitos conheçam o próximo cd de Paulinho Moska, é que chega essa bem vinda entrevista que realizei com ele por esses dias. Moska, com uma voz de timbre único e com sua maestria e simplicidade na arte de compor, também é fiel à boa versação das palavras. Segue a entrevista:



Moska, prazer falar contigo…



-- O que o trabalho no Programa Zoombido mais te proporcionou em relação ao “entendimento” prático e “espiritual” do processo de composição?


Em resumo, acho que o mais importante em um compositor é procurar sua assinatura, acreditando no seu próprio olhar fazendo disso sua estética. Muitos falaram de uma "conexão" com "um canal" ou "estado perceptivo alterado" como característica primeira da criação. Eu concordo. Compor é "se deixar levar" e "controlar" ao mesmo tempo. Algo que está entre o racional e o espiritual, um meio de caminho, uma ponte...


-- Com todo o contato que teve com os artistas que passaram pelo programa, isso te trouxe alguma influência na feitura do novo CD “Muito” e “Pouco”?


Não saberia apontar exatamente o que me influenciou....acho que fiquei mais exigente em relação ao repertório. Me apaixonei mais ainda pela canção popular, com suas rimas e refrões. "Muito Pouco" é um disco de canções, sem experimentalismos.


-- O que significou e significa pra você o trampo com o “Inimigos do Rei”? O nome “Kafka” e a referência à barata, na música “Uma Barata Chamada Kafka”, teve alguma influência da literatura?


Formei o "Inimigos" com amigos da escola de teatro que cursei aos 18 anos ( CAL/RJ). "Kafka" foi material de estudo na escola e eu encenei alguns textos dele como "O Tatu" e "Carta ao Pai". Era um tempo de muita diversão e juventude... pude conhecer o Brasil inteiro e descobri nossa multiplicidade cultural durante as turnês com o Inimigos. A partir daí desenhei o que eu gostaria de fazer da minha vida: ser um artista brasileiro, ou seja, multifacetado.


-- Na sua “autobiografia” presente em seu site, você diz que ainda busca a comunicação de massa, mas não como objetivo, e sim como motivo. Como é a relação de entrega e transcendência com o público? O fim de um show te traz algum tipo de “pós-solidão”, ou te traz algum outro tipo de arrebatamento?


O fim de um show me dá um cansaço danado!!! Gosto de tocar e de "dar o sangue" nas apresentações...é uma espécie de "catarse"... com suor, respiração, poesia, emoção, sensação de trabalho feito, delícia de fazer música...

-- Qual sua relação com o Violão? Você se permite apurar a técnica, ou seu objetivo é somente inovar artisticamente?


Com o violão também tento buscar uma assinatura, tocar de um jeito meu... não sei se é bom, mas é meu. Não quero ser melhor do que ninguém, quero ter meu estilo. Meus maiores ídolos no violão são assim...não são virtuoses, mas especialistas em si mesmos.


-- Por fim, o novo cd está mais para um “Auto-retrato”, ou retrata mais seu Olhar sobre o Mundo?

Acho que quando faço um autoretrato estou sempre olhando para o mundo.

Um comentário:

Unknown disse...

Moska, não deixe BH de fora da próxima turnê,hein? Há 2 anos não o vemos por aqui. Estamos esperando pelo lançamento dos CD's, que com certeza serão de ainda mais belas canções!
Caio Garrido, parabéns pela entrevista! Moska é para ouvidos de fino trato! hehehe