
http://ericocordeiro.blogspot.com/2010/09/confesso-que-ouvi-agora-para-o-brasil.html
O autor, Érico Renato é dono do já aclamado Blog Jazz + Bossa.
Blog dedicado à música e aos músicos contemporâneos que se dedicam a criar novos enredos para a música atual. Entrevistas, dicas de links, vídeos, discos e artistas interessantes.
-- Fale-me um pouco sobre seu começo de carreira e evolução na música.
Comecei cedo na música, tocava bateria com 5 anos de idade, fui tocar no programa Almoço com as estrelas do Airton Rodrigues na TV Tupi em 1972;
Mas na verdade isso era mesmo uma diversão de criança, puro prazer, nem eu nem minha família pensávamos em "carreira"; meu pai tinha conjunto de baile com os meus irmãos mais velhos e isso era um tremendo estímulo, eu via os ensaios e imitava-os como qualquer criança;
Com 12 anos sim toquei meu primeiro carnaval ganhando um dinheirinho com meu pai e daí, segui compondo canções pra Festivais de música da escola e da cidade (Marília- SP); nessa época eu já tinha uma banda com amigos e um primo, aí fui tocar trompete que era o único instrumento com o qual eu poderia entrar na banda do meu pai, (os outros que eu gostava já estavam ocupados) no carnaval eu tinha cantado e tocado surdo, instrumento de percussão.
Aos 17 tocava na noite de Marília violão e teclado, às vezes bateria mas fiz vestibular pra odontologia por orientação de meu pai e admiração pelo meu irmão mais velho que já era dentista.
Me formei em 1988 com 21 anos e nunca parei de tocar e amar profundamente a música, fui pra Londrina me aperfeiçoar em Odontologia e lá encontrei uma escola de música na qual dei aulas e estudei com um músico que viria a ser meu sócio de uma escola de música em Marília; essa época já escrevia arranjos empiricamente e muito devagar, pois a notação musical ainda era um obstáculo.
Em 1993 fui pra Ribeirão Preto onde foi exigido muito mais de mim como músico e acabei abandonando a odonto e me dedicando integralmente à música. Foi a época em que mais me desenvolvi como músico, compositor, arranjador e produtor musical; fiquei lá por 17 anos até o ano passado e agora divido Ribeirão Preto com o Rio de Janeiro onde o mercado de trabalho é mais exigente e maior, com mais visibilidade e mais oportunidades, mais concorrência também porém com isso troco com mais músicos e de diferentes formações, conheço melhor esse meu Brasil musical, terra de grandes misturas e temperos musicais infindáveis!
Escrevo trilhas para TV, Teatro, dança e Cinema, componho música popular instrumental e canção, canto, toco piano, violão, um pouco de contrabaixo e percussão, faço arranjos e dirijo gravações de música, amo o que faço e vejo a música brasileira como um grande e valoroso tesouro que temos e que começa a ser cada vez mais bem visto e explorado.
-- Dos instrumentos que você toca, como são suas afeições, significados com cada um deles?
Gosto tanto de música, que gostaria de ter tempo pra me dedicar a vários instrumentos. Toco regularmente piano e violão. Como gravo muito os meus trabalhos, muitas vezes toco também outros instrumentos como escaleta, contrabaixo, viola caipira e percussão; e também canto.
Mas no geral prefiro ter um bom percussionista ao meu lado e os instrumentos necessários pra fazer aquele determinado som! Uso muito as cordas (geralmente quarteto) e os sopros diversos. É sempre melhor tocar com mais músicos!
Tenho paixões individuais por cada instrumento que toco, e no momento que estou tocando sempre imagino que poderia ter mais tempo de dedicação àquele instrumento. Tenho uma queda especial pelo contrabaixo, talvez uma culpa mal resolvida por não ter me dedicado mais a ele!
O violão é um velho companheiro. Me sinto livre para pensar melodicamente quando acompanho nesse instrumento.
O piano é mais senhor de tudo, para escrever arranjos tem de ser no piano. Componho também no piano e sou mais requisitado para tocá-lo. Acho que tem menos pianistas e acabei desenvolvendo especial relação com esse instrumento por amar demais a obra do Tom Jobim.
-- Quais as diferenças principais em compor para uma trilha sonora e para uma música instrumental, por exemplo?
Primeiramente, uma música instrumental pode ser uma trilha. Fazer uma trilha depende de muitos fatores a que se destina essa trilha: cinema, dança, teatro, filme publicitário; De acordo com o "esse tipo" de possibilidade você trabalha com diferentes expectativas e possibilidades de resultado.
Vamos supor que a trilha seja para cinema. Normalmente cinema traz consigo já uma carga de trabalho muito grande, orçamentos grandes e se trabalha normalmente com Orquestra pela grandiosidade e o grau de exigência desse tipo de trabalho.
Escrever para orquestra é trabalho gigantesco e pesado, demorado. Por outro lado é sempre maravilhoso trabalhar assim, a gente se emociona muito quando tem um trabalho desses pela frente, principalmente se o orçamento é bom e você pode contar com uma boa orquestra e bom estúdio de gravação.
Falando um pouco sobre estilo, imagine que a trilha é para dança e o tema do espetáculo e das coreografias seja bem futurista. Certamente teria que contar com sons eletrônicos, teclados, sintetizadores que podem ou não misturar-se a sons acústicos ou da orquestra, dependendo da proposta e do compositor, entende? O ambiente ou "clima" desejado é que definem o tipo de instrumentação e recursos que eu vou precisar para tal.
http://www.myspace.com/marioferes
http://www.youtube.com/watch?v=LuSYjyvyD9k- Show com Mário Féres (piano), Silvio Zalambani (sax), Tiziano Negrello (baixo) e Duda Lazarini (bateria) na Semana de Música da Unaerp- outubro de 2009- Ribeirão Preto
“5°” é o meu quinto disco lançado de forma independente. Este teve o apoio cultural das marcas: D’Addario, Nux, Rotstage, Playtech, espaço Sagrada Beleza, EM&T e Sho’You (áudio e vídeo).
Quem toca: Bruno Migotto (baixo), Bruno Tessele (bateria e percussão) e Waguinho Vasconcelos (bateria e percussão). O disco traz 6 músicas inéditas e uma faixa bônus (também inédita) em vídeo.
Tivemos duas sessões de gravação. A primeira aconteceu no dia 17 de setembro de 2009, no Estúdio Cantareira e foi captada pelo Ricardo Marui. Essa sessão foi em trio: eu, Migotto e Waguinho.
Valeram duas músicas: “3 Notas” e “Blues de Ocasião”.
Para a segunda sessão, que aconteceu em 30 de Outubro de 2009 no auditório da EM&T, tive a idéia, uma semana antes, de gravar com duas bateras. Aí chamei o Bruno Tessele que já havia tocado esse repertório comigo e o Migotto. O Waguinho e o Tessele não se conheciam até então e, no momento da gravação, eles foram apresentados um ao outro, o que quer dizer que não deu tempo de ensaiar ou planejar nada - o que eu achei ótimo, porque essa música soa mais honesta assim. Para captar e traduzir em som o espírito do momento é necessário que todos ouçam o que está sendo tocado na hora com toda a concentração; isso faz com que ninguém ligue o “piloto automático” e a coisa soe realmente musical. Sinto que o que se ouve nesse disco é algo com esse espírito.
Gravamos todos juntos, valendo, e sem quaisquer correções depois.
A sessão da EM&T foi captada pelo Flávio Tsutsumi e o disco foi mixado e masterizado por ele e por mim. A arte tem fotos da Vanessa Saad e do Flávio Tsutsumi. A letra que se lê no encarte e na capa é a minha e a bela aquarela da capa foi pintada pela amiga e artista plástica Cinthia Crelier – que pintou ouvindo a primeira mix do disco.
As músicas:
“Deixem o Coltrane em Paz” é um ¾ que faz referências a algumas músicas gravadas pelo (cabem aqui mil adjetivos) John Coltrane como “Afro Blue” e “My Favorite Things”. O título veio à minha mente porque em alguns papos de músicos tudo é o Coltrane: Coltrane isso, Coltrane aquilo... Claro que é melhor ter um cara desse como referência do que a Ivete Sangalo... Mas o que incomoda, de fato, são os caras que apenas se escondem atrás de caras como o John Coltrane e outros grandes, ao invés de parar de falar e se concentrar em sua própria música.
“Samba dos Excluídos” é um tema que estava pra sair já faz alguns anos e só se concretizou em 2008. Eu ouvia na mente algo parecido com a melodia da parte A, aí tentei passar a idéia para a guitarra - honestamente, não sei se o fiz fielmente. Mas a idéia, ou pelo menos o caminho da frase que eu tinha na mente, é o que se ouve no CD. O título tem a ver com o seguinte: revolta-me viver num mundo que tem a maioria de sua população como uma multidão de excluídos, totalmente sem perspectivas ou condições mínimas de vida. E o que a mídia (o alto-falante das classes dominantes) faz ao anestesiar as pessoas reduzindo esta enorme tragédia a histórias pessoais, mostrando 01 família que está na miséria em algumas cenas com fundos musicais patéticos, é um dos exemplos da manipulação cuidadosamente pensada para que ninguém sinta a gravidade da situação real. Fiquemos espertos!
“Chica Hermosa” é um chachacha, ritmo o qual eu adoro, porque soa um tanto quanto, eu diria, cafajeste. Faço músicas assim pra tirar uma onda e rir pra cacete, mas acabo tocando-as por aí porque têm uma forma gostosa pra improvisar e uma melodia que fica na mente.
“Aos Poucos” é um tema composto pelo Bruno Migotto. Não sei qual a história dessa composição, mas ela tem a mesma harmonia do “I Got Rhythm” do Gershwin, conhecido pelos músicos como “rhythm changes”. Gostei muito desse tema quando toquei no septeto do Migotto (recomendo ouvir o belo disco recém-lançado dele, o “In Set”) e por isso começamos a tocá-lo nos sons que fizemos por aí antes de gravar. Acho que combinou com a idéia desse trabalho.
“3 Notas” tem o andamento mais rápido que já gravei. A estrutura é parecida com a do “So What” do Miles Davis, só com a segunda parte em outro tom. O tema tem 3 notas principais: C, B e A; o restante é improvisado.
“Ananda Moy Ma” foi um tema que nasceu do ímpeto que tive em fazer uma homenagem a essa santa da Índia. O capítulo do livro “Autobiografia de um Iogue” de Paramahansa Yogananda no qual ele conta os encontros que teve com ela (a quem ele descreve “Saturada de Bem-Aventurança”) me inspirou. Essa composição, muito simples, com apenas duas partes, nasceu numa das primeiras transmissões que fizemos na TV Cia da Música, no que viria a ser o programa Michel Leme & Convidados - que ficou no ar de novembro de 2007 a Dezembro de 2009. Nessa ocasião, eu estava tocando com o Digão (bateria) e o Deco (baixo) e o tema aconteceu na hora, ao vivo. Foi um momento muito feliz, sinto-me muito grato. Na gravação do CD, com as duas bateras, rolaram partes que nunca tínhamos tocado, na intro e no final – nada combinado também. Fiquei muito feliz por ter registrado isso, porque ao vivo nunca será igual.
Enfim, convido a todos para que ouçam o “5°” e agradeço pela atenção.
Um grande abraço e muito som pra todos!
Michel Leme
website: http://www.michelleme.com/
http://www.youtube.com/watch?v=sZmi2wgyL9g - Lançamento do cd 5º
TUDO NOVO DE NOVO
Letra e Música: Moska
Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim
Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim
É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos
Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou
E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou
Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos
http://www.paulinhomoska.com.br/
http://blogdomauroferreira.blogspot.com/2009/12/moska-planeja-lancar-muito-e-pouco-em.html
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=gXwFZ_xeVHw - Tudo Novo de Novo - retirado do DVD
http://www.youtube.com/watch?v=YCD5MmU0qf4 - Paulinho MOska e Céu no Programa Zoombido